CCBB traz 75 obras de Paris para a mostra "O Triunfo da Cor"

Fonte: www.vejasp.abril.com.br, por Julia Flamingo, em 04/05/2016

Praia em Heist (1891) do pintor Georges Lemmen em exposição no CCBB, até 07/07/2016Quatro anos após a exposição dos impressionistas no Centro Cultural Banco do Brasil, que se tornou a terceira mostra mais vista do planeta em 2012, a instituição inaugura, a partir desta quarta (4), a mostra O Trinfo da Cor. Realizada novamente em parceria com o Museu d'Orsay e com o Museu l'Orangerie, de Paris, o CCBB apresenta 75 telas das duas instituições, donas das melhores coleções de obras feitas na Europa no final do século XIX e começo do XX.

Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat e Matisse são alguns entre os 32 mestres reunidos no espaço. Na continuação da mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade, esta segunda edição apresenta, agora, trabalhos do pós-impressionismo. A diferença é singela: se no impressionismo a ideia era representar o que o artista sentia perante a paisagem, o mérito do pós-impressionismo era dar ênfase na cor para revelar sentimentos. O movimento também teve um facilitador bem prático: o boom da indústria química, que possibilitou a criação cores sintéticas nunca produzidas até então.

Verdes, laranjas, azuis e vermelhos vibrantes integram telas acachapantes na curadoria assinada pelo presidente e pela curadora do Museu d'Orsay, Guy Cogeval e Isabelle Cahn, e pelo diretor cultural da Fundácion MAPFRE, Pablo Jiménez Burillo. No título da mostra, O Triunfo da Cor, a equipe francesa deixa clara a mensagem que quer transmitir aos visitantes: mostrar como os artistas ali representados revolucionaram a pintura a partir de sua nova paleta de tintas.

No primeiro andar da mostra, o visitante se depara com o deslumbrante quadro intitulado Fritilárias coroa-imperial em vaso de cobre, de Van Gogh. A tela marca a chegada do holandês na França, em 1886, que se impressiona com a diversidade de cores vivas usadas pelos pintores locais e se desprende do uso das tonalidades de preto e marrom.

Olivier Simmat, diretor de relações internacionais do d'Orsay, explica o tema A Cor Científica, abordado no conjunto de quadros localizados no terceiro e quarto andares: "O artista pesquisava e produzia cores como se fosse um cientista e, seu ateliê, um verdadeiro laboratório". O grande círculo cromático na entrada da mostra faz referência à esse estudo extenso feito pelos artistas.

Para entender melhor, é só pensar no pontilhismo: tem coisa mais difícil do que construir uma imagem apenas com pontos de cor? Hoje em dia pode parecer simples, se pensarmos na imagem digital, construída a partir de pixels. Mas, Paul Signac, por exemplo, construiu, em telas como Mulheres no poço ou Jovens provençais no poço, grandes imagens apenas com (milhares de) pinceladas. A ideia é que elas se misturassem no olho do espectador.

Em outro módulo, o grande protagonista é Paul Gaguin e o uso excessivo - e quase violento - da cor em seus quadros. Na procura pela natureza, o francês se muda para a Bretanha nos anos 1880, e se instala no vilarejo de Pont-Aven. Com os jovens artistas dali, começou a representar seu mundo interior em paisagens coloridas. Ao lado de outros artistas pós-impressionistas, ele sabia estar fazendo algo inovador: alguns, até, se auto-denominavam profetas da arte. O terceiro módulo reúne obras destes profetas, os chamados Nabis, que encaravam a cor da sua pintura como algo sobrenatural. Mesmo assinados por nomes menos conhecidos por aqui - como Denis, Vuillard, Maillol e Vallotton - os trabalhos são igualmente belos.

No quarto módulo, A cor e a liberdade, aparecem obras de Gauguin, Cézanne e Matisse. É um acontecimento que cinco obras de Gauguin, feitas no período em que passou no Taiti, sejam vistas fora de seu museu-sede. Era comum que suas telas, como Mulheres do Taiti, feita em 1891, fossem compostas com materiais de baixa qualidade, o que as torna frágeis e, seu transporte, perigoso.

O público brasileiro corresponde a 3% do número total de visitantes internacionais do d'Orsay, por isso é tão necessária a notoriedade da instituição por aqui: "Desejamos que os brasileiros que cheguem na frança já conheçam a sua coleção", conta Olivier. "Por outro lado, nem todos os brasileiros podem ir até Paris, por isso dividimos nosso acervo com quem não pode se deslocar", afirma.

Centro Cultural Banco do Brasil - São Paulo

Funcionamento: de quarta a segunda, das 9h às 21h.

Período: de 04/05 a 07/07/2016

Rua Álvares Penteado, 112 - Centro

CEP: 01012-000 | São Paulo (SP) - (11) 3113-3651

Visitação com hora agendada

Opção de visitação com hora agendada pelo aplicativo “CCBB” (Apple Store e Google Play) e site bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB, limitada a 4 pessoas por CPF, mediante disponibilidade.

www.culturabancodobrasil.com.br

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