Entre 2001 e 2015, o número de famílias brasileiras chefiadas por mulheres mais que dobrou em termos absolutos, passando de 14,1 milhões para 28,9 milhões, um aumento de 105%. Os dados fazem parte do estudo “Mulheres chefes de família no Brasil: avanços e desafios”, coordenado pela Escola Nacional de Seguros.
Conduzido pelos demógrafos Suzana Cavenaghi e José Eustáquio Diniz Alves, o trabalho foi desenvolvido a partir do cruzamento de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2001-2015), do IBGE. O levantamento revela uma mudança no perfil de comando dos casais com e sem filhos. Há 17 anos, apenas 4% das mulheres estavam à frente desses núcleos familiares, enquanto hoje elas representam 22,5% do total.
A pesquisa aponta que os percentuais de chefia feminina tendem a crescer conforme se elevam os níveis de escolaridade e a participação da mulher no mercado de trabalho. E mais: mesmo nos lares em que elas têm renda mais baixa e dedicam muitas horas aos afazeres domésticos, o percentual de chefes mulheres também aumenta.
“O crescimento da chefia feminina não se deve apenas aos fatores clássicos de empoderamento, como educação e emprego, mas também ao maior envolvimento com as responsabilidades domésticas. Embora ainda persistam resquícios da antiga família patriarcal brasileira, a dominação masculina absoluta não é mais a regra. O Brasil passa por um consistente processo de despatriarcalização”, explica José Eustáquio.
Sobrecarga de Tarefas e Responsabilidade
Para a diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros, Maria Helena Monteiro, há uma revolução em curso que afeta vários aspectos da vida familiar. Mas ainda falta muito para essa revolução se completar. “As mulheres vivem em média sete anos a mais do que os homens, ultrapassaram os homens em todos os níveis educacionais, aumentaram a sua participação no mercado de trabalho, reduziram as diferenças salariais e são maioria entre os eleitores, os beneficiários da Previdência e dos programas de assistência social”, afirma a executiva, que participou do 3º Encontro de Mulheres do Mercado Segurador, realizado no dia 8 de março, no Rio de Janeiro (RJ).
Ela destaca, no entanto, que há uma enorme disparidade na divisão do tempo dedicado aos afazeres domésticos e aos cuidados com filhos e idosos. “A mulher ainda carrega a maior parte da responsabilidade nesses aspectos, o que gera uma inegável sobrecarga e limita, em muitos casos, a ascensão profissional. É preciso ampliar esse debate na sociedade”, afirma Maria Helena.
O estudo voltará a ser tema de debate em evento homônimo que será realizado nos dias 22 e 23 de março, em São Paulo (SP) e no Rio, respectivamente. A participação é gratuita.
O download do estudo completo está disponível no site da Escola, www.funenseg.org.br, que também é o canal para inscrições nos encontros.
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