Maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco decidiu vender o segmento de seguro de grandes riscos, que inclui as apólices para acidentes aéreos, plataformas de petróleo e de obras de infraestrutura, para a seguradora americana ACE por R$ 1,515 bilhão.
O Itaú tinha 18% desse mercado e a maior carteira de clientes (e de sinistros) do país. A seguradora esteve em alguns dos maiores acidentes dos últimos anos: a obra da estação Pinheiros do metrô de São Paulo (2007), a explosão da caldeira da Companhia Siderúrgica Nacional (2006), a queda do Fokker da TAM (1996) e do Airbus no aeroporto de Congonhas (2007).
A transação marca a saída do Itaú do segmento de seguros que mais depende do apetite das resseguradoras (que fazem o seguro da seguradora) estrangeiras para assumir os riscos brasileiros.
Junto com o negócio, a ACE também deve ficar com os 230 funcionários da área de grandes riscos do Itaú.
RESSEGURO
O segmento sofreu forte interferência do governo, após o fim do monopólio do resseguro no país em 2008.
Para tentar preservar o mercado do estatal IRB (Instituto Resseguros do Brasil), o Brasil passou a obrigar as seguradoras a contratar parte do resseguro no Brasil.
Para emitir uma apólice de uma plataforma de petróleo, por exemplo, a seguradora precisa pulverizar esse risco entre um pool com a presença das maiores resseguradoras do mundo.
Se houver um sinistro desse porte, todas perdem um pouco, mas nenhuma quebra em particular.
O Itaú informou que concentrará o foco em seguros para o segmento do varejo, como de vida, acidentes pessoais, prestamista, viagem, garantia estendida, etc.
"A operação de grandes riscos é pautada por grandes transações, que exigem ressegurar a maioria desse risco. Para quem quer focar os clientes do varejo, essa operação ficava fora do foco", disse Marcelo Kopel, diretor do Itaú.
CONCORRÊNCIA
O negócio do Itaú despertou o interesse de dez seguradoras no país, sendo que ficaram no páreo na última semana apenas a francesa AXA, a alemã HDI e a ACE.
A ACE chegou ao Brasil em 1999 e está presente em 54 países. Além dos chamados grandes riscos, a ACE atua nos ramos de seguros pessoais, vida, comerciais, contra acidentes e resseguro.
O negócio é a maior investida de uma seguradora americana no Brasil desde a saída da antiga AIG, parceira do Unibanco que foi abatida pela crise das hipotecas "subprime" (segunda linha).
O Itaú afirmou que a ACE pagará o montante em dinheiro e que a conclusão do negócio ocorrerá em 2015.
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