A Axa, uma das maiores seguradoras do mundo, vai finalmente começar a operar no Brasil, após dois anos estudando o mercado e constituindo duas companhias: uma seguradora e uma resseguradora. A matriz disponibilizou R$ 400 milhões para investimento na operação para os primeiros quatro anos e tem como meta atingir um faturamento de R$ 2 bilhões em dez anos.
Nosso plano é ambicioso, mas não temos pressa para crescer, afirma o português João Leandro, presidente indicado da Axa Seguros. Queremos estar nos mercados importantes de forma segura e sustentável.
Para acelerar a entrada no mercado brasileiro, a Axa tentou adquirir a seguradora de grandes riscos do Itaú. Mas assim como a alemã HDI, foi desbancada na última etapa da concorrência pela americana Ace, que levou o ativo por R$ 1,5 bilhão. Há alguns anos, a francesa também teve interesse em adquirir a fatia da holandesa ING na seguradora SulAmérica. Mas a negociação não prosperou.
A Axa vai operar no país com linhas de seguros corporativos, área em que a concorrência cresceu bastante nos últimos anos, e vai começar no ano em que o país flerta com uma recessão econômica. Temos uma visão de longo prazo, não ficamos só olhando ciclos econômicos, porque estamos fazendo um investimento para os próximos 25 anos, diz o francês Philippe Jouvelot, presidente indicado da Axa Corporate Solutions Brasil e América Latina Resseguros.
A companhia começou a estudar a entrada no Brasil há dois anos, tempo em que analisamos o mercado, diz o executivo. Ele vê grande potencial de crescimento do mercado segurador local, não somente para as grandes empresas, mas também entre pequenas e médias companhias, que hoje quase não contratam cobertura para seus riscos.
A companhia vai operar em riscos patrimoniais e de responsabilidades, além de seguro de vida em grupo e afinidades - programas em que são oferecidos seguros para os funcionários de empresas. Vamos operar linhas para atender a todas as atividades que fazem parte da estrutura econômica do país, diz Leandro.
Segundo o executivo, a ideia é atender desde pequenas até grandes companhias, montando uma rede de distribuição por meio de corretores. No médio prazo, a meta é ter 250 corretores ativos e, num prazo mais longo, aumentar essa rede, principalmente para atender as pequenas empresas espalhadas pelo país.
As duas empresas receberam autorização da Susep, órgão regulador do setor, para começar a operar no fim de agosto. O aporte de capital nas duas companhias foi de quase R$ 90 milhões: são R$ 77,8 milhões na resseguradora e R$ 18,5 milhões na seguradora. Jouvelot explica que o investimento previsto de R$ 400 milhões para os primeiros anos de operação são para capital e despesas.
As duas companhias estão baseadas em um andar inteiro no centro financeiro de São Paulo, na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, quase esquina com a Faria Lima. Hoje a equipe é composta por 45 profissionais e o plano é quase dobrar esse número até meados do ano que vem. As áreas de retaguarda serão compartilhadas, com as equipes técnicas dedicadas a cada negócio separadas.
A seguradora da Axa não vai começar do zero, pois já conta com os prêmios de seguros dos clientes mundiais que contratam coberturas para as suas operações no Brasil. Essas apólices eram emitidas em parceria com a SulAmérica - operação conhecida no mercado como fronting. A Axa ainda não discutiu a continuidade da parceria.
A Axa já atuou no mercado de seguros do país no passado recente, mas no varejo, com uma companhia pequena de seguros de automóveis. Essa operação foi vendida para a Porto Seguro em 2003 num momento em que a matriz estava concentrando seus negócios na Europa e na América do Norte. Há alguns anos, porém, decidiu investir mais fortemente em novos mercados.