A SulAmérica deve iniciar na próxima semana uma concorrência para a venda da sua carteira de seguros de grandes riscos, apurou o Valor. Há cerca de dois anos, a seguradora começou um processo de "limpeza" desse portfólio, que na época apresentava alto volume de pagamentos de indenizações, o que comprometia o resultado do negócio.
Em comunicado ao mercado divulgado ontem, a SulAmérica informou que contratou assessoria para "avaliar oportunidades estratégicas" com relação à carteira de seguros de grandes riscos. "Os resultados da referida avaliação serão oportunamente apreciados pelos órgãos de governança da companhia, não havendo, no momento, quaisquer conclusões a serem divulgadas ao mercado acerca das oportunidades sendo avaliadas", disse a companhia. O comunicado foi motivado pela informação revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" de que a companhia teria decidido vender esse negócio.
A seguradora contratou o Itaú BBA para assessorá-la na transação. Algumas seguradoras receberam na semana passada um prospecto do banco de investimentos para sondar o interesse em uma carteira de riscos corporativos, mas sem o nome da possível vendedora e sem proposta de valor para o negócio.
No comunicado, a SulAmérica informou que a carteira de grandes riscos registrou faturamento de R$ 88 milhões em prêmios emitidos no primeiro semestre deste ano, o que representa aproximadamente 1,4% da receita total da seguradora.
Não está claro para o mercado, entretanto, se nesse valor está contabilizada a parceria que a SulAmérica tem com a Axa - operação conhecida no mercado como "fronting", em que a SulAmérica emite apólices para a francesa, mas que entram no balanço da seguradora brasileira. Como a Axa recebeu recentemente autorização dos órgãos reguladores para abrir uma seguradora e uma resseguradora no país, a tendência é que essas apólices passem a ser emitidas agora pela operação local do grupo francês.
O Itaú fechou, em julho, a venda da sua carteira de grandes riscos para a americana Ace por R$ 1,5 bilhão, valor que surpreendeu o mercado por ser quatro vezes o valor patrimonial de R$ 350 milhões do ativo. O negócio foi fechado após uma concorrência que mobilizou mais de dez seguradoras, a maioria estrangeiras, interessadas em iniciar ou expandir negócios no Brasil. Os valores obtidos pelo banco e o número de interessados podem ter aberto uma "janela de oportunidade" para a SulAmérica.
A companhia vem se posicionando nos últimos anos como uma seguradora de varejo e de pequenos e médios seguros corporativos, saindo dos grandes riscos - segmento dominado por nomes estrangeiros e do qual companhias brasileiras têm saído nos últimos tempos.