Na segunda-feira 6 de abril, seis advogados deram início a um projeto incomum, em tempos de crise: deixaram a segurança de seus empregos para empreender. João Marcelo dos Santos, Daniela Matos e Keila Manangão, sócios do Demarest, uma das maiores e mais importantes bancas de advocacia do País, Julia Nogueira, Marco Antonio Bevilaqua e Juliano Castro trabalhavam com o mercado segurador em escritórios diferentes. Com 20 anos, em média, de experiência no segmento, eles precisavam da ajuda de outros profissionais, que não entendiam os termos técnicos e o “segurês”, para solucionar a maioria dos casos.
Até que todos falassem a mesma língua, o tempo de resolução e o custo do serviço aumentavam para seguradoras, resseguradoras, corretoras, fundos de vida e previdência e capitalização. A saída parecia simples. Se cada um conhecia uma área do direito com foco nos seguros, juntos eles conseguiriam aumentar a eficiência do serviço. Por que não tentar? Foi desse ponto em comum que o sexteto criou o primeiro escritório com todas as áreas integralmente dedicadas a um grande segmento da economia. “Somos full service em seguros e não em direito”, diz Bevilaqua.
A novidade parece ter tocado um ponto carente do setor de seguros, que acumula mais de R$ 350 bilhões em prêmios. Em menos de um mês, eles conquistaram 50 clientes. “A iniciativa é original e segue a tendência mundial da especialização”, diz Antonio Cassio dos Santos, CEO da seguradora Generali para as Américas. “Além de mostrar que o mercado segurador brasileiro está maduro para iniciativas como essa.” Ao fugir do modelo universal e inovar sobre o conceito de escritório boutique (que busca se associar a outros profissionais e consultores conforme as demandas), eles tentam mostrar que agilidade e conhecimento num único lugar podem fazer a diferença. A tendência é de que o modelo proposto pelo escritório Santos Bevilaqua consiga cortar metade do tempo gasto na análise de uma demanda, na comparação com os não-especialistas em seguros.
No final do mês, é um custo menor com o pagamento de honorários. “Ser um one-stop-shop significa que entendemos, de cara, de qualquer assunto sobre seguros, do tributário ao trabalhista”, diz Santos, que é ex-diretor da Superintendência de Seguros Privados. Principal sócio do setor no Demarest, Santos levou toda a sua equipe de 10 pessoas, entre advogados e estagiários, além de Daniela e Keila (que ficará no escritório do Rio de Janeiro), para o novo negócio, o que obrigou sua antiga casa a iniciar um processo de reconstrução da área de seguros. Os que conhecem as necessidades do mercado segurador dizem que o novo escritório tem chance de dar certo, muito certo ou certíssimo. O sexteto parece ter escolhido o ar certo para respirar.
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